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terça-feira, 16 de novembro de 2010

ESCOLA LIMPA: UMA QUESTÃO DE CIDADANIA



Etiene San Pedro dos Santos leciona no CAR - Colégio Adventista de Rondonópolis - PQD 2008


RESUMO
Apresentaremos neste artigo a importância contida na implantação de projetos de conservação tanto do ambiente escolar como domiciliar, partindo da idéia da educação ambiental como mediação educativa para conservação do meio ambiente escolar. Pois após observações deste, constataram-se nas salas de aula, banheiros, pátio, corredores e quadra do Colégio Adventista de Rondonópolis, altos níveis de desorganização, sujeira e destruição dos trabalhos expostos pelos colegas. Deste modo, pretende-se desenvolver práticas de conscientização ambiental, visando solucionar ou minimizar o problema, mostrando aos alunos a importância da conservação do meio ambiente escolar, e promovendo assim a educação ambiental.
Palavras-chave: Educação ambiental, conservação ambiental, cidadania, meio ambiente, desenvolvimento sustentável.

A palavra conservação é definida pelo dicionário Houaiss como preservação contra dano, perda ou desperdício, e ainda, como medidas contra deterioração pelo tempo. E meio ambiente é definido como um conjunto de condições naturais que atuam sobre os seres vivos, ou popularmente como o meio em que vivemos de forma que haja a interação de seres bióticos e abióticos.
Sendo assim, a principal ferramenta a ser utilizada para a conscientização ou sensibilização a preservação do meio ambiente, é a educação ambiental. Pois esta pretende desenvolver conhecimento, compreensão, habilidades e motivação, para adquirir valores, mentalidades e atitudes, necessários para lidar com questões e problemas ambientais, e encontrar soluções sustentáveis.
A educação ambiental é uma ação, entre missionária e utópica, destinada a reformular comportamentos humanos e recriar valores perdidos ou jamais alcançados. Trata-se de um mecanismo indireto, de uma força motriz de mudança na relação homem - meio ambiente e também de mudanças sociais, ao promover uma consciência cultural de justiça social. (AB SABER, 1993). 
Uma vez identificada educação ambiental, cabe abrir um debate sobre as modalidades desta prática educativa, suas orientações pedagógicas e suas conseqüências como mediação apropriada para o projeto de mudança social e ambiental no qual esta vem sendo acionada. Em primeiro lugar, caberia perguntar: existe uma educação ambiental ou várias? Será que todos os que estão fazendo educação ambiental comungam de princípios pedagógicos e de um ideário ambiental comuns? A observação destas práticas facilmente mostrará um universo extremamente heterogêneo no qual, para além de um primeiro consenso em torno da valorização da natureza como um bem, há uma grande variação das intencionalidades socioeducativas, metodologias pedagógicas e compreensões acerca do que seja a mudança ambiental desejada.
Neste sentido, a educação ambiental é um conceito que, como outros da "família ambiental", sofre de grande imprecisão e generalização. O problema dos conceitos vagos é que acabam sustentando certos equívocos e, neste caso, o principal deles é supor uma convergência tanto da visão de mundo quanto das opções pedagógicas que informam o variado conjunto de práticas que se denominam de educação ambiental.
Assim, neste artigo pretendemos discutir algumas das principais diferenças nas concepções de educação ambiental, e suas conseqüências no plano político pedagógico. Para isto, vamos problematizar alguns aspectos da relação entre a educação ambiental – tomada como parte dos processos de ambientalização da sociedade - e o campo educativo onde esta vai disputar legitimidade como um tipo novo de prática pedagógica.
Uma primeira questão diz respeito ao significado do ambiental como qualificador da educação. Outras correntes pedagógicas antes da educação ambiental também se preocuparam em contextualizar os sujeitos no seu entorno histórico, social e natural. Trabalhos de campo, estudos do meio, temas geradores, aulas ao ar livre, não são atividades inéditas na educação.
Estes recursos educativos, tomados cada um por si, não são estranhos às metodologias consagradas na educação como aquelas inspiradas em Paulo Freire e Piaget, entre outras. Assim, qual seria o diferencial da educação ambiental? O que ela nos traz de novo que justifique identificá-la como uma nova prática educativa? Poderíamos dizer, numa primeira consideração, que o novo de uma educação ambiental realmente transformadora, ou seja, daquela educação ambiental que vá além da reedição pura e simples daquelas práticas já utilizadas tradicionalmente na educação, tem a ver com o modo como esta educação ambiental revisita esse conjunto de atividades pedagógicas, reatualizando-as dentro de um novo horizonte epistemológico em que o ambiental é pensado como sistema complexo de relações e interações da base natural e social e, sobretudo, definido pelos modos de sua apropriação pelos diversos grupos, populações e interesses sociais, políticos e culturais que aí se estabelecem.
O foco de uma educação dentro do novo paradigma ambiental, portanto, tenderia a compreender, para além de um ecossistema natural, um espaço de relações socioambientais historicamente configurado e dinamicamente movido pelas tensões e conflitos sociais.
De todo modo, a construção de um nexo entre educação e meio ambiente, capaz de gerar um campo conceitual teórico-metodológico que abrigue diferentes propostas de educação ambiental, só pode ser entendida à luz do contexto histórico que o torna possível. Afinal, não podemos compreender as práticas educativas como realidades autônomas, pois elas só fazem sentido a partir dos modos como se associam aos cenários sociais e históricos mais amplos constituindo-se em projetos pedagógicos políticos datados e intencionados.
Desta forma, a emergência de um conjunto de práticas educativas nomeadas como educação ambiental e a identidade de um profissional a ela associada, o educador ambiental, só podem ser entendidos como desdobramentos que fazem parte da constituição de um campo ambiental no Brasil, a partir do qual a questão ambiental tem se constituído como catalisadora de um possível novo pacto societário sustentável.
No Relatório Brundtland (CMMAD, [1987] 1988), o termo “desenvolvimento sustentável” recebeu a seguinte definição: [ ] aquele desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer as possibilidades das gerações futuras atenderem as suas próprias. A sustentabilidade é a perenização de níveis adequados de qualidade de vida para nós e as gerações futuras.
“Os problemas ambientais da atualidade são decorrentes do crescimento econômico, respaldado em uma ciência e uma técnica, que privilegia o lucro em detrimento da preservação, o capital vis-à-vis o trabalho, o econômico em relação ao social, o poder frente à ética” (PIRES, 1998).
A Revolução Industrial ampliou a separação entre a sociedade e a Natureza. Em decorrência deste distanciamento, estamos vivendo num momento muito difícil da história da humanidade, uma humanidade hoje bastante desumana. Estamos começando a perceber um fato desagradável: o esgotamento de um modelo de desenvolvimento industrial e rural e de um modelo de vida, ambos apoiados no consumismo, no imediatismo e no engavetamento dos valores espirituais. Felizmente, existe um crescente consenso a respeito desse esgotamento. A partir da percepção das ameaças de esgotamento, está surgindo uma outra percepção: a de promover a sustentabilidade e restaurar níveis satisfatórios de qualidade de vida. Já sabemos o que não deve ser feito. Devemos aprender o que deve ser feito.
Sendo assim, na caminhada para alcançar a sustentabilidade, devemos consolidar estratégias de transição (SACHS, 1993). A transição, para passar do “desenvolvimento insuportável” (CARVALHO, 1992) para o desenvolvimento sustentável exigirá grandes investimentos nas áreas da pesquisa e da educação ambiental. Pesquisar e educar para poder viver da melhor forma possível, sem destruir. Educar é mais que tudo, ensinar a amar. Ensinar a amar ler e escrever. Ensinar a amar uma profissão. Ensinar a amar qualidade ambiental.
A Educação Adventista tem preocupação relevante quanto à qualidade de vida, e bem estar de seus alunos e membros da comunidade escolar. Demonstra também, interesse em que seu grupo de alunos torne o exercício da cidadania algo mais significativo, promovendo projetos para a preservação do meio ambiente escolar e consequentemente a educação ambiental. É pratica da rede de escolas adventistas o compromisso social.
Entretanto, de acordo com as observações do meio ambiente escolar do Colégio Adventista de Rondonópolis, constataram-se nas salas de aula, banheiros, pátio, corredores e quadra da escola, altos níveis de desorganização, sujeira e destruição dos trabalhos expostos pelos colegas. Então, surgiu a necessidade de solucionar ou minimizar o problema, mostrando aos alunos a importância da higiene mental, pessoal, do ambiente familiar e da escola, para melhorar suas condições de vida e formar cidadãos conscientes e responsáveis.
Deste modo, o Colégio Adventista de Rondonópolis objetivará no prosseguimento do projeto “Escola limpa”, estimular os alunos, primeiramente, à mudança de praticas e atitudes, e à formação de novos hábitos e conceitos com relação ao ambiente escolar.
A proposta de trabalhar a conservação do meio ambiente escolar inserida numa perspectiva interdisciplinar da Educação Ambiental procura contribuir para que os alunos sejam capazes de:                        Ø  Preservar o meio ambiente e o patrimônio escolar como forma de melhorar suas condições de vida, estendendo-se a comunidade.
Ø  Praticar nas ações pedagógicas a interdisciplinaridade e a transversalidade, possibilitando aos alunos e professores, uma compreensão integrada do todo, como seres individuais e sociais.

Ø  Introduzir no ambiente escolar, uma postura ética e socialmente responsável dos seus integrantes, reforçando nas atividades, atitudes de seleção dos materiais recicláveis e seu correto descarte.

Ø  Valorizar a sociabilidade, a higiene, e adotar modos de agir tais como:
  • Jogar lixo no lixo;
  • Organizar as carteiras na sala;
  • Limpar a lousa;
  • Manter as carteiras, o chão, e as paredes limpas;
  • Preservar os trabalhos expostos pelos colegas.
O projeto “Escola limpa” teve sua etapa inicial no segundo semestre do ano letivo de 2008, quando foi despertado o interesse dos educandos do colégio para as questões de limpeza da escola.
O lançamento do projeto foi promovido na capela da escola, mostrando aos alunos por meio de vídeos elaborados pela turma do segundo (2º) ano do ensino médio, o que está ocorrendo na escola e a possibilidade de se reverter o quadro.
Foram desenvolvidas também histórias em quadrinhos nas aulas de informática; e ainda pretende-se promover a interdisciplinaridade por meio da elaboração de:
                      I.    Cartazes
                    II.    Maquetes e desenhos
                   III.    Exposição dos trabalhos feitos
                   IV.    Palestras
                    V.    Artes com papel reciclado
                   VI.    Teatro
                 VII.    Redações, textos e filmes.
A avaliação será feita a partir da mudança comportamental dos alunos. Onde:
  • As serventes juntamente com os alunos do segundo (2º) ano do ensino médio observarão as salas após cada período e pontuarão as mesmas de acordo com o grau de limpeza e organização;
  • Será feito um painel com as notas dadas, possibilitando aos próprios alunos a auto - avaliação;
  • Observaremos a reação dos alunos da sala na distribuição das tarefas.
Assim, o projeto “Escola limpa” visa trabalhar a educação ambiental, e também valores a ela relacionados, como a valorização da vida, da humanidade, da cultura, da ética, solidariedade, cooperação e a responsabilidade. Reconhecendo que estamos todos Interligados, para a construção de uma sociedade sustentável, que não negue oportunidades de vida digna e de qualidade para todos.

Referências bibliográficas
BORDENAVE, Juan Diaz e PEREIRA, Adair Martins. Estratégias de Ensino- Aprendizagem. Petrópolis, Editora Vozes, Ltda, 1977.
BURSZTYN, Marcel (org.). Para pensar o desenvolvimento sustentável. São Paulo,
Brasiliense, 1993
CARVALHO, Herculano S. “Do desenvolvimento (in)suportável à sociedade feliz”, in
GOLDENBERG, M, Ecologia, ciência e política, Rio de Janeiro, Revan, 1992.
PIRES, Mauro Oliveira. “A trajetória do conceito de desenvolvimento sustentável na transição de paradigmas” in DUARTE, Laura Maria Goulart e BRAGA, Maria Lúcia de Santana, Tristes Cerrados - sociedade e biodiversidade, Brasília, Paralelo 15, 1998
SACHS, Ignacy. Estratégias de transição para o século XXI: desenvolvimento e meio ambiente. São Paulo, Stúdio Nobel/Fundação do Desenvolvimento Administrativo,1993.

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